Um parque de diversão? E a pandemia?

Avenida Soares Lopes
Maurício Maron

A Prefeitura de Ilhéus nos instiga a lembrar – e destacar mais uma vez - um velho ditado popular: “Faça o que digo, mas não faça o que faço”.

Enquanto publica corretamente decretos restringindo a circulação de pessoas em determinados horários a fim de impedir a proliferação da Covid-19 – que aumentou consideravelmente nos últimos dias – autoriza erroneamente a montagem de um parque de diversão na avenida Soares Lopes para atender a próxima temporada de verão.

Os primeiros caminhões com os brinquedos já estão estacionados na avenida e serão montados nos próximos dias.

Há bons motivos para este equipamento não ser instalado este ano. Primeiro: em determinados momentos do seu funcionamento, promoverá aglomeração. Segundo: trata-se de um espaço público e, medidas adotadas pelo próprio governo da Bahia, impedem, por decreto, a ocupação destes espaços para eventos de qualquer natureza. Terceiro – e o mais importante: quem garante que ao término de cada sessão – numa roda gigante ou num carrossel, por exemplo – haverá a correta higienização do equipamento, fator preponderante para evitar a proliferação da doença?

Jogar menos para a plateia e agir mais para o coletivo, é um princípio que não pode ser esquecido pelo governo municipal. O marketing, neste momento, deve ficar em segundo plano. Esse verão passa. Muitas vidas não terão a segunda chance.

De nada adianta, por exemplo, a realização de drive-thru de testagem em massa em diversas regiões da cidade para a realização de exames do tipo RT-PCR (swab), realizados a partir de amostras de material viral do nariz, com a promessa de que o resultado destes exames seria entregue em apenas dois dias se, até o momento, muitos dias depois, não apresentar os resultados à população que se predispôs a acreditar na iniciativa.

Vivemos um momento difícil, onde diversão, de qualquer espécie, não pode se sobrepor à seriedade que a pandemia exige.